sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Quem pastoreia sua família?

“Agora, ó sacerdotes, para vós outros é este mandamento. Se o não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado, porque vós não propondes isso no coração”. (Ml 2.1-2). Você já imaginou receber a bênção de um pastor e essa bênção ser recebida como maldição em sua vida? Pois é isso que pode e está acontecendo com muitas pessoas.

Deus concedeu pastores e mestres para a Igreja, visando o aperfeiçoamento dos crentes para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à maturidade da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Essa é a missão do pastor, levar a igreja a seguir a verdade em amor, crescendo em tudo naquele que é a cabeça da Igreja, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.

Mas não é isso que temos visto. Pelo contrário, ao invés de pastores temos visto chefes, ao invés de mestres da palavra de Deus, temos encontrado analfabetos de Bíblia e inventores de crendices que deturpam as Escrituras segundo seus interesses. Os crentes não estão sendo aperfeiçoados, mas piorados; não estão sendo edificados como corpo de Cristo, mas sim treinados como funcionários de uma empresa, tratados como sócios de um clube, clientes de um supermercado, ou frequentadores de um parque. Não há unidade da fé, o que cresce é a divisão em nome da fé. Os crentes não sabem o que é “pleno conhecimento do Filho de Deus”, o que eles conhecem bem é o pleno conhecimento do estatuto da igreja, as doutrinas e os costumes eclesiásticos. Maturidade em Cristo é algo raro de se ver em algum crente, muito menos em alguma igreja. O que cresce em nosso país é o número de igrejas cheias de meninos agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina. Os pastores usam cada vez mais de artimanhas e astúcias para induzirem ao erro. Enquanto isso os rebanhos desconhecem a verdade e não praticam o amor. Há muito tempo que Cristo deixou de ser a cabeça da maioria das igrejas governadas por hidras religiosas. As igrejas não estão crescendo, elas estão inchando como balões e andando como bêbados cambaleantes.

Deus disse para a nação de Israel: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência”. (Jr 3.15). As igrejas precisam de pastores que cuidem do rebanho espontaneamente, como Deus quer; que não usem o ministério como meio de lucro vergonhoso, mas pastoreiem de boa vontade; não como dominadores dos crentes, mas, como modelos do rebanho. Um verdadeiro pastor trabalha na presença de Deus consciente do senhorio de Cristo. Um pastor tem a importância que o evangelho lhe dá, mas infelizmente as igrejas estão impregnadas de guias cegos guiando outros cegos. O Novo Testamento não fala do pastor no sentido hierárquico, nem diz que ele é mais ungido que os demais crentes. “O homem de Deus” que lidera a igreja e que usa o púlpito para pregar não é inquestionável. Ele deve ser ouvido e acatado enquanto submisso e fiel ao Evangelho de Jesus; quando for contra as verdades centrais ensinadas por Jesus e seus apóstolos, deve ser tratado como maldito. Isso parece tão óbvio, mas o grande problema é a ignorância das massas em não discernirem ou por não conhecerem o Jesus dos evangelhos. Se não, compare o que está acontecendo na maioria das igrejas com o que nos mostra o Evangelho do Senhor Jesus. As igrejas estão paganizadas, cheias de crendices, e doutrinas de homens.

A mensagem do profeta Malaquias sobre as bênçãos dos sacerdotes transformadas em maldições é algo sério para ser considerado. Quando Jesus falou dos escribas e fariseus, hipócritas, como guias cegos, sepulcros caiados, serpentes, e raça de víboras, ele estava falando dos líderes religiosos judeus. O apóstolo Paulo considera os falsos pastores como lobos vorazes e cães, e que a linguagem deles corrói como câncer. Quando o Diabo quer enganar uma igreja ele procura primeiro o pastor, porque assim fazendo ele tem menos trabalho visto que o pastor será o seu instrumento. Ora, se Satanás se transforma em anjo de luz, não é de admirar que os seus ministros se transformem em ministros de justiça. “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1Tm 4.1-2). Onde agem esses espíritos enganadores e onde são oferecidos esses ensinos de demônios? A resposta é: nas igrejas, através de pregadores hipócritas mentirosos que há muito tempo perderam o temor do Senhor se é que tiveram algum dia. E digo mais: quem se julga um pastor de verdade, tenha cuidado. Pedro, o apóstolo, depois de pronunciar uma revelação de Deus, falou usado pelo Diabo para desviar Jesus da cruz. “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia”.

Minha recomendação é esta: conheça bem a sua Bíblia, principalmente o Novo Testamento antes de conhecer o seu pastor ou o pregador da televisão ou da Internet. Filtre tudo nas Escrituras, e mais importante de tudo – tenha Jesus como a chave interpretativa para tudo em todos os sentidos. Questione sua igreja, seu pastor, e tudo o mais a partir de Jesus e dos Evangelhos. É simples assim. Quando o apóstolo Paulo pregava o evangelho em Beréia, seus moradores foram considerados mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim, como Paulo dizia. Falta isso em nossos dias, a coragem de examinar as Escrituras e provar tudo por ela. Acredite, você ficará surpreso com a diferença entre o Evangelho e as igrejas. Escute seu pastor, mas não aceite nada contra seu entendimento, sua consciência em submissão ao Evangelho e sobretudo ao Senhor Jesus Cristo. Essa é a diferença entre crentes e crentes.

Em tese, o pastor é confiável e maduro para instruir e educar qualquer pessoa nas Escrituras. Mas você já pensou entregar seu filho e sua filha aos cuidados espirituais de um pastor que parece ser idôneo e que comece a orientar sua família de modo contrário ao modo que você e sua esposa querem criar seus filhos? Deixe-me ser mais claro. Muitas famílias ingenuamente em nome da fé e da obediência se deixam guiar em quase tudo pela orientação do pastor, abrindo mão de gostos, preferências, concepções e desejos. Se tornam soldadinhos de chumbo marionetados pelas “previsões” pastorais. O modo de vestir, a sexualidade, o lazer, as finanças, e as compras de muitas famílias dependem do que a igreja pensa. Isso é ridículo e alguém precisa falar sobre isso, e é o que estou tentando fazer.

Portanto, seja o pastor de sua família. Você e sua esposa são livres juntamente com seus filhos para viverem plenamente conforme a consciência que têm à luz do Evangelho. Não deixe nenhum pastor interpretar a Bíblia para você e para a sua família. Leia você mesmo e instrua sua casa conforme o seu entendimento das sagradas letras. Chega dessa mentira que somente o pastor entende a Bíblia, porque em muitos casos ele é o que menos entende. Diga como Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. É assim que Deus quer que você pastoreie sua família, com naturalidade, com amor, com liberdade, compartilhando as Escrituras no sentar, no levantar, no deitar, sem imposições de nenhuma natureza. Você é o melhor pastor de sua família.

Antonio Francisco.

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